TODO O TERRENO

TODO O TERRENO | “Vozes de um Sonho” | Viver o Bairro | Tempos Brilhantes |

PUBLICADO POR: REDEDLBC JUNHO 7, 2023

“Não”! Ao racismo, à intolerância, à homofobia, ao bullying, à violência, ao preconceito! Não, a qualquer forma de discriminação!

As palavras foram de ordem, celebrando o direito à diferença e foram proferidas por 15 jovens que subiram ao palco do Auditório Natália Correia, no Centro Cultural de Carnide, no final da tarde de dia 31 de maio de 2023. Os alunos do 8º ano da Escola Básica 2,3 do Bairro Padre Cruz, do ano letivo 2022/23, apresentaram, na sessão de encerramento, o trabalho que desenvolveram no âmbito do projeto “Viver o Bairro”, PIEAS (Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social) da Associação Tempos Brilhantes.

“Vozes de um Sonho”, assim se chamava a peça, é um exercício de teatro sobre os caminhos da vida, sobre inquietações, desafios e conquistas.

Seguindo percursos distintos e com projetos de vida diferenciados, escutamos as vozes destes jovens, que, confrontados com obstáculos e injustiças do dia-a-dia, não desistem de ser ouvidos e lutam pelo direito a sonhar. Jogadores de futebol, psicólogos, médicos… Cada um deles definiu uma meta para a sua vida, sabendo que o caminho a percorrer nem sempre será fácil.

“Viver o Bairro” é um programa de intervenção local, construído para dar resposta a problemas identificados no Bairro Padre Cruz e que geram, na comunidade, um sentimento de exclusão social. Como estratégia, dirige-se à população jovem, em especial, a alunos da EB – 2,3 do Bairro, propondo atividades de “inclusão pelas expressões”, como motor da diminuição da indisciplina e de potenciação de competências promotoras do sucesso escolar, da maior motivação escolar e da redução de comportamentos desviantes.

No final do espetáculo, os alunos receberam um diploma de participação.

AAH

TODO O TERRENO | Feira de Inovação Social | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | Gis Recondado & Ciclopes | Tempos Brilhantes & Drive Impact |

PUBLICADO POR: REDEDLBC MARÇO 15, 2023

Foi na tarde acinzentada de sexta-feira, 10 de março de 2023, que a equipa da Rede DLBC Lisboa foi até ao Bairro do Condado, para conhecer a Feira de Inovação Social Gis Recondado.

O Largo do Coreto foi palco da iniciativa da Associação Tempos Brilhantes, que contou com a parceria do Centro de Dia Maximiliano Kolbe. Às bancas com produtos feitos por artesãos e empreendedores locais (Arlequim D., Hivework Social Chamusca e Fui à Tropa) juntou-se uma outra, também de um Projeto Inovador e/ou Experimental na Área Social (PIEAS), Ciclopes, gerido pela Drive Impact.

Enquanto estivemos no evento, a Feira recebeu a visita de alguns alunos do pré-escolar da Escola Básica do Condado, que, com a professora Vânia, deram colorido e alegria ao espaço, com gargalhadas, barulho e perguntas próprias da tenra idade (5/6 anos). De curiosidade aguçada, chegaram perto das bancas, a princípio mais tímidos, mas, incentivados pela professora, lá interagiram com as idosas que vendiam produtos variados. “Isto serve para quê?” “Posso mexer?” Como uma bola de neve, bastou um aproximar-se e começar a conversar, para todos quererem falar, tocar nos produtos e fazer questões.

Para acalmar os ânimos, a professora ofereceu a cada um deles um “miminho”, contribuindo para as vendas, prometendo que distribuiria as prendas à chegada à escola, para que não as perdessem entretanto.

A professora Vânia ofereceu um “miminho” a cada um dos seus alunos

Sobre rodas

Seguiu-se a visita ao “cantinho das bicicletas”, onde André Patrick, do projeto Ciclopes, já aguardavam os pequenotes. A excitação era muita, mas, para criar alguma empatia e confiança e dar a conhecer melhor as bicicletas e a sua mecânica, houve uma “mini-sessão” de introdução, antes de as crianças passarem à ação sobre rodas.

“Então, quem é que sabe andar de bicicleta?”, perguntou André. Todas as mãos se levantaram! “Mas sem rodinhas?” As certezas deram lugar às dúvidas, mas alguns, pouco convictos, mantiveram as mãos no ar. “Já vamos ver isso, mas primeiro vamos conhecer melhor as bicicletas!”, explicou o monitor.

Em fila, lado a lado, começaram a ouvir as explicações a alguma distância, tal como a professora lhes havia pedido, mas, a pouco e pouco, foram dado uns passinhos para a frente, até ficarem bem juntinho às bicicletas e a André e Patrick.

Enquanto se aguardava pela chegada de mais “biclas” adequadas ao tamanho da audiência, as que lá estavam eram demasiado grandes e altas, a conversa prosseguiu. “E sabem como é que se chama esta parte da bicicleta? Não, não é isso, volante é nos carros…”, ia dizendo André, perante as respostas. Com alguma ajuda, lá se ouviu, timidamente: “Guiador”. Até estar tudo pronto, os pequenotes ainda tiveram de dar conta de que a bicicleta tinha o selim ao contrário e o pneu da frente estava vazio. André prosseguiu: “Quando o pneu não está duro, não podemos andar assim. Depois de vermos se não está furado, temos de fazer o quê?” Um coro de vozes infantis respondeu, em uníssono: “Encher!” E assim foi. Montada a bomba, todos os pequenos candidatos a ciclistas, sem exceção, puseram ar no pneu e até a professora Vânia ajudou!

Veio então a parte mais divertida da tarde… Depois de postos os capacetes, pois nunca se deve descurar a segurança, uma a uma, com a ajuda dos monitores, as crianças tiveram a oportunidade de dar uma volta ao Largo do Coreto nas bicicletas da Ciclopes. A experiência era, afinal, muito pouca ou nenhuma na maior parte dos casos, mas a vontade e a curiosidade acabaram por vencer o medo e (alguma) falta de jeito! Foi uma tarde bem passada na Feira de Inovação Social Gis Recondado!

A segurança não foi descurada

AAH

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TODO O TERRENO | Visita ao Museu do Dinheiro | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | Amolê Pedaço & Com Vida| Mén Non & AMBPC |

PUBLICADO POR: REDEDLBC MARÇO 9, 2023

Na passada quinta-feira, dia 2 de março de 2023, a equipa da Rede DLBC Lisboa juntou-se a uma iniciativa conjunta dos projetos Amolê Pedaço e Com Vida, promovidos pela Mén Non e pela Associação de Moradores do Bairro Padre Cruz (AMBPC), respetivamente, e foi até à Baixa lisboeta visitar o Museu do Dinheiro.

Mesmo em frente ao Município de Lisboa, o espaço localiza-se na antiga Igreja de São Julião e foi adquirido pelo Banco de Portugal em 1910. Apesar de ter sido alvo de várias intervenções, fruto de catástrofes naturais e alterações estruturais, e de ter sido usado para diversos fins (chegou a ser um o estacionamento temporário para cargas e descargas de materiais, equipamentos e pessoas), é impossível não nos apercebermos de que o local foi, outrora, uma igreja. O átrio do Museu do Dinheiro, que se encontra nesta localização desde abril de 2016, é, precisamente, a nave da antiga igreja, tendo sido mantida grande parte da estrutura, nomeadamente, os púlpitos, o altar e inúmeros elementos decorativos.

O Museu encontra-se nas instalações da antiga Igreja de São Julião

Depois de termos recebido os bilhetes (interativos) das mãos da guia que nos acompanhou nesta tarde, iniciámos a nossa visita entrando pela porta de uma enorme caixa-forte, que se encontra aberta de par em par. Lá dentro, além da Loja do Museu, podemos encontrar, com todas as precauções de segurança, uma barra de ouro, com a qual os visitantes podem interagir. Tentámos a nossa sorte, mas, lamentavelmente, não conseguimos trazê-la!

No primeiro andar, embarcámos numa viagem que nos levou das primeiras moedas e notas, rudimentares e muito imperfeitas, muitas delas nem eram “dinheiro” como o conhecemos atualmente, apenas objetos que eram trocados nas antigas civilizações, até aos atuais euros com que lidamos no dia-a-dia.

Em cima, o “dinheiro-faca”, usado na China, entre 400 e 220 a.C.

Os formatos foram-se alterando, os tamanhos, os materiais, variando consoante os locais em que o dinheiro era produzido. O Museu do Dinheiro, através do bilhete gratuito que nos é dado à entrada, permite que os visitantes participem em várias experiências interativas nas diversas salas que vamos conhecendo. Desde um quiz com perguntas sobre as exposições, jogos, até à possibilidade de pormos a nossa cara numa nota ou moeda, existem várias opções disponíveis.

Nesta viagem no tempo, também houve oportunidade para conhecer alguns instrumentos de cunhagem de moeda, de impressão de notas, de transporte de valores e também para recordar o escudo, com algumas moedas e notas que ainda guardamos na memória.

Algumas notas de escudo

O euro não foi esquecido e ficámos a saber que, por exemplo, o Banco de Portugal só emite notas de 5 a 50 euros! As restantes, de valor mais elevado, são feitas noutros países da União Europeia.

As atuais notas de euro

Para o final, uma exposição recheada de notas muito variadas, provenientes dos mais diversos pontos do Globo. E qual é a personalidade que mais vezes figura nos diferentes e valiosos retângulos de papel? Nada mais nada menos do que a falecida rainha Isabel II de Inglaterra!

Caso queira saber um pouco mais da história do dinheiro, faça como nós e dirija-se ao Museu, de quarta-feira a domingo, entre as 10h e as 18 horas.

AAH

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TODO O TERRENO | Cervejaria Artesanal – Encerramento de atividade | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | JobPass COMunidade | Sea – Social Entrepreneurs Agency |

PUBLICADO POR: REDEDLBC DEZEMBRO 21, 2022

No passado dia 16, a equipa da Rede DLBC Lisboa marcou presença no encerramento da atividade de produção de Cerveja Artesanal, realizada no âmbito do PIEAS “JobPass COMunidade”, da Sea – Social Entrepreneurs Agency (Seacoop).

O evento realizou-se em Lisboa, na Cervejaria Lince, um dos parceiros da Seacoop neste projeto, tendo sido entregues os diplomas de graduação a todos os que participaram no curso.

O “JobPass COMunidade” tem como objetivo capacitar públicos, em três áreas profissionais, nomeadamente, Cozinha Africana, Cervejaria Artesanal e Chocolataria, contribuindo para a inserção laboral de comunidades e pessoas em risco de exclusão social. Além disso, promove competências sociais e pessoais e de aprendizagem, assim como apoia a construção de projetos de vida.

“A Comunitária”, assim se chama a cerveja artesanal produzida, foi “criada para apoiar a comunidade local a desenvolver os seus projetos de vida e a transformar os seus sonhos em realidade”, tal como podemos ler no rótulo da garrafa, cuidadosamente pensado e bastante apelativo.

“Este projeto nasceu para trazer novas oportunidades, novos percursos, novas hipóteses de empreendedorismo. Claro que estes produtos [comida africana, cerveja e chocolates] já existem, mas, feitos com este carinho e amor, com esta formação, esta capacitação, com todos os parceiros, e como nós estamos a pensar, se calhar, não!”, explica Frederico Costa. O presidente da SEACOOP reforça a ideia, dizendo: “Queremos fazer de forma diferente! Enquanto nós acreditarmos que existem pessoas que vão beneficiar da nossa capacitação e do nosso apoio, nós vamos continuar! Com força e com exemplos vivos deste sucesso!”

Frederico Costa, presidente da SEA – Social Entrepreneurs Agency falou sobre o projeto

Responsabilidade social

Pedro Vieira, um dos responsáveis pela Cervejaria Lince, agradeceu o desafio que lhes foi lançado pela SEA e a Fábrica do Empreendedor , e do qual não estavam à espera, considerando que este se traduziu numa “experiência interessante e gratificante” e deixou o seu obrigado “aos cinco cervejeiros que estiveram na Lince durante cerca de um mês a ajudar”, contribuindo para que a “A Comunitária” se tornasse uma realidade!

Pedro Vieira, um dos responsáveis da Lince

“Por que é que escolhemos a Lince como parceira? Não foi por acaso”, revela Frederico Cruz. É que a própria Cervejaria também tem a sua vertente de responsabilidade social, uma vez que parte das suas receitas contribuem para a preservação do lince-ibérico (que dá o nome à marca). Além disso, para o presidente da Seacoop, os dois “jovens” experientes que lideram os destinos da Lince, Pedro Vieira e António Carriço, são a prova viva de que “qualquer pessoa em qualquer idade, quando faz aquilo de que gosta”, pode triunfar. “A Comunitária tinha de nascer de uma parceria com um projeto apaixonado, que quer fazer acontecer, como o da Cervejaria Lince”.

Parte das receitas da Cervejaria revertem a favor de ações de preservação dos linces-ibéricos

Testemunhos na primeira pessoa

“Gostava de agradecer pela oportunidade e pela confiança de participar neste projeto tão interessante. Eu não sabia nada sobre cerveja artesanal. Aprendi muita coisa e o que eu levo daqui é que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, devemos sempre acreditar em nós e lutar, e, assim, vamos conseguir conquistar todos os objetivos da nossa vida”, salientou Vinícius Oliveira, um dos cervejeiros que integrou o curso.

Por seu turno, Manuel Moura participou, mas numa vertente mais ao nível do empreendedorismo: “Gostava de agradecer esta oportunidade, faço cerveja desde 2019, de modo amador, em casa. E espero que seja uma rampa de lançamento para um projeto que eu tenho guardado na gaveta já há algum tempo, o de produzir uma cerveja artesanal.”

Lisiane Carvalho também já tinha feito cerveja artesanal, de forma mais caseira, mas sempre tinha tido vontade de experimentar um modo mais industrial. “Já vinha com esta ideia e quando vi esta oportunidade, achei muito interessante. Aprendi muito, só quero agradecer. Pudemos acompanhar todo o processo, desde a parte da matéria-prima, até engarrafar, rotular, fazer as degustações. Foi um desafio, mas sentimo-nos em casa. Foi uma experiência única”.

Vinícius Oliveira, Lisiane Carvalho e Manuel Moura (da esq. para a dta.) receberam os diplomas do curso, presencialmente
Alguns dos formandos, com as equipas da Seacoop e da Lince

Glover Barreto e Ana Paula Frade não puderam marcar presença, mas Ana deixou uma mensagem gravada, agradecendo a toda a equipa. “Foram todos ótimos durante este mês em que estivemos juntos! Espero que esta seja a primeira cerveja de muitas e que, em breve, possa contar com a ajuda de todos para, quem sabe, lançar e vender a minha cerveja!”

Para finalizar, nada como um brinde entre todos, seguindo-se umas deliciosas pizzas a acompanhar “A Comunitária”! Tudo aprovado pela Rede DLBC Lisboa! Tchim! Tchim!

“A Comunitária” aprovada pela equipa da Rede DLBC Lisboa!

AAH

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TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | Futuro em Monsanto | Chamar o Futuro |

PUBLICADO POR: REDEDLBC SETEMBRO 29, 2022

A Chamar o Futuro iniciou ontem, dia 28 de setembro, pelas 16 horas, a segunda ronda de “Círculos de Abundância na Orla de Monsanto”, continuando a reunir presencialmente no pátio do Bairro Sete Moinhos. Neste local, sob o tema “Criar e Trocar valor em Comunidade”, surgiram diversos desafios, assim como possibilidades de colaboração e intervenção.

O formato destes Círculos é aberto e o foco é na aprendizagem com as pessoas que residem nos bairros visitados. Fala-se sobre as necessidades e as abundâncias locais e também sobre eventuais soluções. A Rede DLBC Lisboa marcou presença.

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4 de agosto de 2022

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | Brincapé – Território do Brincar | APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil

Embora ainda faltassem alguns minutos para as 10h da manhã, o sol de verão já se fazia sentir, forte e quente, na histórica Vila Cândida, bairro operário na Penha de França, em Lisboa.

A equipa da Rede DLBC Lisboa foi visitar o “Brincapé – Território do Brincar”, o PIEAS (Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social) da APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil.

Quando chegámos ainda não havia “fregueses”, só mesmo as “brinconautas” da 1,2,3 Macaquinho do Xinês, associação parceira responsável pela dinamização do espaço.

Passado pouco tempo, mais ou menos alinhado e com monitoras, chega um primeiro grupo de crianças. A primeira reação, quando nos viram: “ena, hoje há tantas professoras!”

Pousam as mochilas e espalham-se rapidamente pelo espaço, tornando-se percetível que não é a primeira vez que brincam ali. O silêncio desaparece e dá lugar a risos e conversas, gritos, manifestações de alegria…

O “Brincapé” não é um local “convencional” de lazer, é um espaço comunitário inovador onde as crianças criam e constroem o seu próprio parque de brincadeiras, treinando competências essenciais para o seu sucesso escolar e para a sua futura vida profissional. A imaginação é estimulada, uma vez que os mais novos têm a oportunidade de interagir e brincar, ao ar livre, mexer na terra, cavar, fazer bolos de lama, construções…

“Podem fechar o telhado da minha casa?”, solicita-nos uma pequenita de uns 5/6 aninhos, dentro de uma grande caixa de cartão sem fundo, usando uns sapatos de salto vários números acima do tamanho dela. “Mas assim ficas aí dentro sem luz”, lá fomos avisando, visto que não havia buracos para uma porta ou janelas. Nada que a atrapalhasse. Depois de lhe termos feito a vontade, levantou a caixa, saiu por baixo e procurou rapidamente giz para escrever o seu nome numa das “paredes” da casa, para que todos soubessem que era a proprietária, claro!

“Brinconautas”

“Os restaurantes também estão muito na moda, por aqui”, vai-nos confidenciando Rita, uma das “brinconautas”. “Por norma, não interferimos nas brincadeiras deles, nem é suposto, a não ser que nos solicitem ou queiram ajuda. Mas com os restaurantes, muitas vezes, pedem-nos que sejamos clientes”, esclarece. Sandra Nascimento, presidente da direção da APSI, reforça esta ideia. O que os “brinconautas” fazem “é uma supervisão amigável, ou seja, a brincadeira não é guiada, selecionam e dispõem os materiais, antes de a sessão começar e arrumam no final, verificando se há alguma coisa estragada e que tenha de ser retirada. O segredo é deixar os materiais ‘plantados’ estrategicamente… muitas vezes em modo desafio”, vai explicando. “Tentam não intervir, a não ser que a criança peça. E elas já sabem disso. Quando precisam de ajuda, não hesitam e também quando querem materiais ou fazer atividades específicas. Ainda noutro dia, dois dos mais velhinhos quiseram martelar. As ‘brinconautas’ aproveitaram para ensinar o uso seguro do martelo, uma criança de cada vez, onde têm de pôr as mãos, no martelo e no prego, que não podem martelar os materiais em cima das pernas…” Na verdade, hoje em dia, “os miúdos também não têm oportunidade de fazer este tipo de coisas e, claro, não sabiam como haviam de pegar, se faziam com muita força, com pouca. Isto, especificamente, tem de ser com supervisão e com controlo mais próximo…”

Construir e aprender ao ar livre

“Este conceito de brincadeira livre quase parece um pleonasmo, porque é assim que ela tem de ser, mas o que acontece é que, atualmente, está dirigida demais”, ressalta a Presidente da APSI.

“Ao princípio, os que vêm aqui pela primeira vez, perguntam muito o que podem fazer. Podem brincar? Podem sujar-se? Normalmente, é-lhes dito o contrário… aqui, a criança decide, livremente, ao que quer brincar, com que materiais e com quem. E, claro, pode sujar-se!”, explica-nos Sandra,enquanto presenciamos escavações no terreno, com os pequenos com terra e água nas mãos, brincando, despreocupados. Ai, a minha mãe vai matar-me, estou toda suja, dizia uma menina noutro dia. Eles, ao princípio, ficam um bocadinho aflitos com a questão do sujar… Mas gostam muito de fazer lama…”

Tirar as crianças dos ecrãs (TV, computadores, telemóveis, tablets…) e do sofá e pô-las a brincar, a construir e a aprender ao ar livre, com o apoio de profissionais do brincar e da segurança infantil, pretende ser um dos grandes objetivos deste projeto da APSI.

E basta olharmos para o “Brincapé”, recheado de materiais de desperdício, de “tralha”, com as suas tendas improvisadas, cartões, cordas, lonas no chão, tubos, pneus coloridos, tintas, tijolos (de cortiça), garrafas de plástico, baldes, pás, paletes, caixas, regadores e outro sem número de coisas… e para os sorrisos nas caras das crianças, para percebermos que cumpre na perfeição aquilo a que se propõe.

Funcionamento do espaço

Enquanto as “brinconautas”, de borrifador em punho, vão salpicando os miúdos e dizendo que é chuva, para combater o muito calor que se sente, mesmo à sombra, andámos pelo espaço, explorando os recantos e as atividades que vão decorrendo, fruto da imaginação de cada um. De repente, ouve-se a voz de uma das monitoras que avisa: “pausa para lanche!”. Alguns saltam, entusiasmados, concentrando-se na zona da comida e sentando-se no chão, em cima da lona, para a refeição ligeira, mas outros nem sequer querem largar as brincadeiras e permanecem nos seus postos.

Pausa para lanche!

O público-alvo tem entre os 5 e os 13 anos, e frequenta o espaço em horário letivo, com as escolas, nas interrupções escolares com os CAF (Componente de Apoio à Família) e/ou ao fim de semana com as famílias.

Durante a semana, o “Brincapé” recebe turmas da EB1 Natália Correia. Nas férias, foram também realizadas sessões com os CAF da EB1 Sampaio Garrido e EB1 Arquitecto Victor Palla, como no dia em que visitámos o espaço.

“Desde novembro, todos os domingos, tivemos sessões abertas, em que as pessoas não precisam de se inscrever. Algumas vêm com frequência, outras não voltam… Com as famílias, têm vindo muitas crianças mais novas do que as do escolar. Até já tivemos aqui bebés”, revela Sandra Nascimento. “Também há pais que trazem os filhos, porque que estão à procura de oportunidades diferentes, de lamas e terra e contacto com bichinhos e os mais pequeninos, aqui, andam para lá e para cá a mexer nisso tudo”.

E, embora, por agora, o “Território Brincapé” vá entrar de férias e só regresse em setembro, a presidente da APSI confidencia que já há planos traçados: “Está tudo encaminhado para integrarmos as atividades do ATL do Centro Social e Paroquial da Penha de França.”

“Eles adoram”

O “Território Brincapé” arrancou em novembro de 2021 e, no total, e até final de junho de 2022, foram realizadas 71 sessões e abarcadas mais de 460 pessoas dos BIP ZIP abrangidos, das quais 61% foram crianças.

Depois de uma primeira fase de preparação e organização, que incluiu a obtenção da licença para utilização do terreno e do estabelecimento de parcerias locais essenciais para a sua limpeza e manutenção, foi preciso adaptar o espaço às atividades programadas. Assim, a APSI procedeu à construção de uma vedação que garantisse a proteção de todos relativamente a quedas e colocou um abrigo para o armazenamento dos materiais no Território.

No que diz respeito aos materiais que podemos encontrar espalhados pelo “Brincapé”, “são feitas recolhas, há parceiros que doam material, as caixas, os têxteis, os pneus… Os toldos também são emprestados”, revela Sandra Nascimento.

Mas, no final, o que quisemos mesmo saber, para perceber se confirmávamos ou não aquilo a que assistimos nesta manhã de brincadeira, foi qual é o feedback das crianças em relação a este espaço e às atividades. A presidente da APSI é perentória… “Eles adoram! Quando chegamos às escolas ficam entusiasmados, começam logo a dizer ‘ai, que bom! Hoje é dia de Brincapé!’”

AAH

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29 de julho de 2022

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | Gis Re-Condado | Associação Tempos Brilhantes|

“Não há lixo. O lixo pode virar luxo. Tudo se transforma!” Estas afirmações são de Alexandra Arnóbio, com quem a equipa da Rede DLBC Lisboa teve a oportunidade de se encontrar numa oficina teorica-prática de upcycling, um EcoLab (laboratório de EcoDesign), no âmbito do projeto “Gis Re-Condado”, promovido pela Associação Tempos Brilhantes.

Não sabe o que é Upcycling? Nós explicamos! “É a transformação de resíduos em produtos de maior valor acrescentado, tendo sempre preocupação com o design”, revelou-nos a fundadora do projeto “Alexandra Arnóbio Upcycling Projects” que, no passado dia 22 de julho de 2022, dinamizou uma atividade para a terceira idade, no Centro de Dia do Bairro do Condado, em Lisboa.

Quando chegámos, encontrámos uma sala com um grupo de cerca de 15 seniores, em alguma azáfama, bastante animados, com as mesas à sua frente com materiais variados. Durante a manhã, com a ajuda de Alexandra, das técnicas do Associação Tempos Brilhantes e do Centro de Dia, iniciaram a atividade de Upcycling. Partiram de frascos de vidro usados (salsichas, compotas, café, etc.), já sem utilidade aparente e cujo destino seria o caixote do lixo, e puseram mãos à obra! Com um berbequim foi feito um furo nas tampas e posteriormente, eletrificaram e puseram casquilhos no interior dos frascos.

A decoração ficou à imaginação de cada um. Dando asas à criatividade, usaram palhinhas, brilhantes, corda, tecido, laços, feltro, tintas…

Alguns, os menos tímidos, lá nos iam perguntando: “Gosta do meu? Está bonito, não está?” Os mais silenciosos precisam de um incentivo e, perante os nossos “então, mostre-nos lá o seu…”, lá interagem, satisfeitos, com a nossa equipa.

No final, e depois de postas lâmpadas em todos, umas de casquilho grosso, outras fino, (foi preciso reforçar o stock) bastou ligar à corrente e eis que surgiram 12 candeeiros de várias cores e feitios, para alegria e orgulho de todos!

Para Alexandra, os objetivos são claros e foram cumpridos neste dia: “Quero estimular a criatividade, em mim e nos outros! Upcycling é ‘transformar’ e eu quero ajudar a transformar pessoas. Quero conhecer, preservar, criar e partilhar histórias. Quero aprender e ajudar a aprender”.

“É possível olhar para os resíduos com outros olhos”

Sem nunca perder de vista a presente emergência climática, Alexandra Arnóbio fala-nos de um conceito que serve, precisamente, de base ao projeto “Gis Re-Condado”: a economia circular.

“O upcycling e a economia circular são o futuro. São dois conceitos que se interligam, já que a segunda assenta na utilização de resíduos como matéria-prima. O upcycling transforma o resíduo, estimulando, dessa forma, a economia circular”, explica. “São a prova de que é possível olhar para os resíduos com outros olhos. Esgotámos os recursos que existiam na Natureza, já nos anos 70. Neste momento, estamos a viver a crédito, continuando a poluir e a extrair recursos naturais como se não houvesse amanhã”, acrescenta, preocupada. “A economia circular e o upcycling são fulcrais para as futuras gerações, pois procuram encontrar soluções que não impliquem extrair mais recursos da Natureza”.

Tal como referido anteriormente, o projeto “Gis Re-Condado” assenta, então, nos princípios da economia circular para o design de novas peças de vestuário e produtos de base têxtil, a partir de itens já descontinuados, mas também de outro tipo de materiais, como foi o caso do “atelier” que a equipa da Rede teve oportunidade de presenciar neste dia.  

Um design novo para uma peça antiga

Além de promover a economia circular, visa, através da criação de um Grupo de Inovação Social (GIS), suportado pelo empreendedorismo colaborativo, a inclusão de pessoas vulneráveis e promove o combate à pobreza, na comunidade do Bairro do Condado, na freguesia de Marvila, em Lisboa.

Tem também como objetivos facultar a todos os indivíduos ferramentas e mecanismos para a expansão do empreendedorismo social e promover o trabalho intergeracional, assente em processos de capacitação e co-criação, de modo a que estes se traduzam em melhorias na comunidade.

Entre as suas várias atividade, o “Gis Re-Condado” compreende ações de capacitação de Empreendedorismo Colaborativo, workshops de Economia Circular, laboratórios de EcoDesign, Oficina Colaborativa ReThinking, Loja Online e Feiras de Inovação Social by Recondado.

A equipa da Rede DLBC Lisboa com as técnicas da Associação Tempos Brilhantes

AAH

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15 de julho de 2022

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | JobPass COMunidade | Cozinha Africana | Sea – Social Entrepreneurs Agency |

Mandioca, mandioca e mandioca! Eis o ingrediente eleito pelo chef Mauro Airosa, para um refeição saborosa, nutritiva e pouco dispendiosa!

No âmbito do projeto “JobPass COMunidade”, promovido pela Sea – Social Entrepreneurs Agency, a equipa da Rede DLBC Lisboa visitou as instalações da Ajuda de Mãe, em Lisboa, onde, na cozinha, o chef, com um grupo de ajudantes, nos trouxe cheiros, temperos e sabores da comida africana.

Este projeto tem como objetivo capacitar públicos, em três áreas profissionais, nomeadamente, Cozinha Africana, Cervejaria Artesanal e Chocolataria, contribuindo para a inserção laboral de comunidades e pessoas em risco de exclusão social. Além disso, promove competências sociais e pessoais e de aprendizagem, assim como apoia a construção de projetos de vida.

Havia alguma agitação na cozinha, com as “alunas” em acesa atividade, entre facas afiadas, tábuas e panelas fumegantes, sempre sob a supervisão do chef Airosa. “Vamos fazer três texturas diferentes, vamos ter a mandioca em creme, em chips, para dar crocante ao prato, e em farofa. Vamos acompanhar estas guarnições com robalo, já filetado pelas minhas ajudantes”, revelou Mauro, explicando que a gordura usada para cozinhar neste dia seria “o óleo de palma.”

“Existindo paixão pela cozinha, as coisas acontecem!”

Decorridas três semanas de trabalho, o balanço está a ser positivo! “O projeto está a correr muito bem. O que eu noto é que existe jeito e gosto e, acima de tudo, o gratificante é ver a evolução delas, em pouco tempo. Claro que precisam de uma orientação técnica, mas existindo paixão pela cozinha, as coisas acontecem!”, salienta o chef. “Começámos com as bases de cozinha, universais para tudo, e agora estamos a usá-las na confeção de alimentos e pratos. Já lhes expliquei a importância da confeção dos caldos, da caramelização para extrairmos o máximo de sabor dos alimentos…”, tudo sem nunca descurar o tema do desperdício. Com o que sobrou do corte da mandioca, ainda foram feitos uns palitos, muito semelhantes a batatas fritas, para acompanhar com um qualquer molho a gosto. “É importante não desperdiçar”, realça Mauro.

Para que não houvesse desperdício, com as sobras foram feitos palitos de mandioca

“Noutro dia fizemos aqui uma sopa deliciosa, com uma técnica ótima”, soltou, entusiasmada, Anabela, uma das “alunas”, que confessou “ir repetir a receita em casa”.

“Cebola, alho e pimentos”, vai dizendo o chef Airosa, enquanto fala connosco, dando indicações para a preparação e confeção do creme de mandioca. “Já não lhes digo para picar a cebola, peço uma brunesa de algo… Já não é preciso explicar-lhes que é uma técnica francesa, um tipo de corte de vegetais, crus, aos cubos, sobre a tábua… Aliás, hoje já apareceu feita!”.

O corte das proteínas também já foi abordado. “Começámos com o peixe, que acaba por ser um produto mais específico a este nível, como, por exemplo, filetar este robalo que vamos confecionar hoje.”

O robalo filetado que acompanhou a mandioca, à espera de ser frito

“São dedicadas e atentas”

O “curso” vai durar até final de julho e Mauro, meio a brincar, meio a sério, vai dizendo: “O objetivo? Quero levar daqui o maior número de cozinheiras possível para o meu restaurante! Com a falta que há no mercado…”

O grau de dificuldade vai aumentando à medida que os dias passam, mas, o pretendido neste dia era mostrar que “com um produto, podemos fazer, dentro do mesmo prato e a baixo custo, várias texturas e uma apresentação diferente”.

Perante os sorrisos e o entusiasmo que demonstraram no que estavam a fazer, não tivemos dúvidas de que as “aprendizes” estavam a gostar. “São dedicadas, atentas e, se por algum motivo não podem vir ou vão chegar atrasadas, avisam-me.”

À medida que o trabalho vai avançando, as nossas narinas vão sendo invadidas por aromas extremamente agradáveis, que nos abrem o apetite. Mas nem só de parte prática vivem os ensinamentos do chef Airosa…

“Amanhã vamos fazer uma aula online, na qual lhes vou mostrar como é o início de um serviço de cozinha, toda a base das preparações, como é que eu coordeno a minha equipa por secções…Tenho pessoas só para fazer a mise en place, outras só para tratar da proteína, outras apenas para as guarnições… E elas vão perceber que há toda uma preparação e uma hierarquia, vão entender como é que as coisas funcionam num restaurante.”

Quando, finalmente, tudo está encaminhado, o creme já passado, os chips fritos, a farofa preparada e os filetes de robalo prontos, chegou a hora de empratar! Depois de degustada a entrada, palitos de mandioca frita, o chef “faz as honras da casa”, para exemplificar, seguem-se as “pupilas”. Tivemos direito a provar e garantimos, estava um delícia! “De comer e chorar por mais!”

AAH

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4 de julho de 2022

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | O Meu Palácio | Yellow Cusca Associação Cultural |

Corredores labirínticos, quadros de paredes inteiras, salas e mais salas, recantos, arte em quase todas as suas formas, mobílias luxuosas, tecidos requintados, esculturas sumptuosas, tetos esplendorosos…. Seja qual for a descrição e os adjetivos escolhidos, claramente, ficam aquém de tudo o que conseguimos ver no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa. Já para não falar do que não temos oportunidade de conhecer, tal a sua grandiosidade e os muitos espaços interditos ao público.


“O Meu Palácio”, projeto Inovador e/ou Experimental na Área Social (PIEAS) promovido pela Yellow Cusca Associação Cultural, pretende abrir as portas deste monumento à população dos bairros da freguesia lisboeta, contribuindo para o conhecimento e colaboração mútuos, a partir da realização de iniciativas lúdicas de aprendizagem, de estágio ou oficinas de emprego, criando uma bolsa de mediadores/embaixadores do Palácio, em torno da arte, da educação cultural e patrimonial.


Assim, no âmbito de “O Meu Palácio”, a equipa da Rede DLBC Lisboa visitou a Ajuda, para assistir a duas oficinas de empregabilidade que se realizam neste espaço nobre da capital: uma de restauro de Têxteis, Costura e Guarda-Roupa e outra de Carpintaria e Reparações. O projeto contempla ainda mais atividades, uma oficina de Recuperação de Livros Antigos, Encontros de Xadrez, eventos de Dança, Noites de Fado com concursos amadores, quermesses, sessões comunitárias, ateliers artístico-pedagógicos com alunos
das escolas vizinhas do Palácio, entre outras…

Por entre linhas e agulhas
Na companhia da coordenadora do Serviço Educativo do Palácio da Ajuda, Teresa Marecos, que nos guiou pelos corredores do espaço e, simpaticamente, foi respondendo a todas as nossas questões, explicando o que íamos vendo e revelando detalhes sobre as salas, a decoração, contando um pouco da nossa História e das “estórias” de reis, rainhas, príncipes e princesas…chegámos à oficina de Têxteis, Costura e Guarda-Roupa, onde Filomena Mira nos esperava. Desde 1995 que é responsável por tudo o que há para restaurar na área têxtil do Palácio da Ajuda. “Sejam toalhas, roupa… tudo o que tenha tecido passa pelas minhas mãos”, começa por explicar, com um brilho nos olhos, ladeada por várias fardas vermelhas que estão penduradas na sala de trabalho. Está prestes a reformar-se e, depois de mais de 25 anos nestas lides, vê-se que continua a sentir-se feliz e realizada pelo trabalho que faz todos os dias. A expressãoserena e a postura tranquila transparecem na interação com Patrícia Rodrigues e Inês
Martins, 
que trabalhavam neste dia na Oficina, por entre agulhas, linhas, tesouras e caixas de costura. “Estão a fazer uma nova capa para o piano de cauda, que está aqui ao lado, na Sala D. Luís”, precisou Filomena. “A anterior já está um pouco velhinha”.

Quase todos os trabalhos são minuciosos, repletos de detalhes e os materiais utilizados têm de ser de qualidade, ou não fossem, literalmente, dignos da realeza! Afinal, é importante que mesmo o que foi restaurado a posteriori continue a “encaixar” perfeitamente no cenário de séculos anteriores. “Quem frequenta as nossas oficinas tem a oportunidade de deixar um pouco de si no Palácio e de levar um pouco do Palácio para casa”, revela Filomena, explicando que, além do restauro efetuado em peças “residentes”, as suas “aprendizes” têm a oportunidade de fazer um trabalho à escolha para levarem consigo. “Um dia mais tarde, vou poder visitar o Palácio da Ajuda e dizer aos meus filhos e netos que aquela capa do piano de cauda foi feita por mim”, diz, orgulhosa, Patrícia.


Após visitarmos a sala D. Luís, onde se encontrava o piano, um local acolhedor, mas imponente, no qual, ultimamente, se têm realizado algumas atividades e concertos, a equipa da Rede DLBC Lisboa teve a oportunidade de conhecer a Sala dos Jantares Grandes, cenário da maioria dos banquetes da Casa Real e de algumas cerimónias marcantes do século XIX como a Aclamação de D. Miguel (1828) e o casamento e D. Carlos (1886). “Atualmente, é usada para jantares de Estado, oferecidos pelo Presidente da República, o único que tem a honra de poder convidar para aqui”, explica Teresa Marecos, enquanto nos deslumbramos com o cenário majestoso, decorado com plantas e objetos em prata, que se refletem nos grandes espelhos que ornamentam as paredes. Fala-nos dos ilustres que já por ali passaram, reis e rainhas. chefes de Estado, dos protocolos rígidos que ditam a distribuição de lugares, do posicionamento das mesas…


Regressamos ao labirinto de corredores, com a certeza de que sem alguém a guiar-nos teríamos ficado perdidos no Palácio. Confirmando a nossa ideia, a nossa anfitriã revela: “O tempo médio de orientação aqui dentro é de três meses!”

Conhecendo (algumas) salas do Palácio
Embora no dia em que nos deslocámos à Ajuda, o Palácio estivesse fechado ao público, Teresa Marecos fez questão de nos mostrar mais alguns espaços nobres. À chegada à Sala de Mármore, que “servia de vestíbulo interior e separava os aposentos de D. Luís I e de D. Maria Pia”, deparamo-nos com um verdadeiro “Jardim de Inverno” que mostrava bem que a Família Real privilegiava o contacto com a natureza. Um espaço que foi casa de plantas exóticas e animais (há algumas gaiolas), com uma fonte ao
centro, deixando transparecer uma enorme tranquilidade. De seguida, atravessámos o Gabinete de arvalho, “a sala de fumo do Rei, com um ambiente masculino e sóbrio”, intensificado pelo mobiliário em carvalho da América do Norte, pelas telas com navios de guerra e cenários bélicos… E eis que chegamos à fantástica Sala Azul! As cores contrastantes da decoração já nos aguçavam a curiosidade através da janela interior do Gabinete de Carvalho, de onde é possível ter um vislumbre do espaço. Decorada pela
rainha com sedas azuis, como era comum na época, e com paredes da mesma cor, esta era a sala de estar da família real, que dela desfrutava com conversas animadas à lareira, leituras em voz alta, jogos de cartas, xadrez, mas também outras distrações, como a apresentação de artistas ou de invenções recentes.


Foi também aqui que ficámos a conhecer a “estória” de Margherita de Saboia (cunhada de D. Maria Pia) e da pizza que leva o nome em sua homenagem, uma vez que, na Sala Azul, há um quadro da rainha italiana. A deliciosa iguaria tricolor, que ficou famosa em 1889, leva manjericão, mozzarella e tomate e estes três ingredientes têm as mesmas cores da bandeira italiana (verde, branco e vermelho) o que, além, do sabor certamente agradável, na altura, terá chamado a atenção da monarca. “No atelier ‘Há Festa no
Palácio! Pizza Margherita’ os alunos das escolas da freguesia da Ajuda têm a oportunidade de descobrir esta curiosidade e fazerem a sua própria pizza. Um momento sempre muito apreciado pelos mais novos”, 
conta-nos Teresa Marecos.

“A qualidade dos materiais é fundamental!”
Nova incursão pelos corredores e chegámos então ao espaço da oficina de Carpintaria e Reparações, onde o responsável, José Manuel Pereira, nos aguardava, com um dos seus “pupilos”. Rodeados de ferramentas, com mesas, cadeiras, bancos… a preencherem o cenário, o cheiro a madeira e cera assaltou-nos as narinas. “Estivemos a fazer cera, para aplicar num banco que temos ali para restauro”, explicou-nos José Manuel. Fazer cera? Mas por que não comprar o produto já finalizado? “A qualidade dos materiais é fundamental, como tal, prefiro que sejam adquiridos os ‘ingredientes’, aqueles que
pretendo, e sermos nós a confecionar”, explica. “E não adianta comprar uns parecidos, têm mesmo de ser aqueles, daquelas marcas específicas, ou o resultado final não será o mesmo!”


Já tinha alguma experiência em carpintaria, por isso, José Felgueiras sente-se mais à vontade para trabalhar nesta oficina de empregabilidade. Assim, pega num pincel, mergulha-o na cera e começa a dar nova vida a um banquinho a que o tempo tirou o brilho de outrora. “Estou a gostar muito da experiência, só é pena que sejam apenas 2h30, uma vez por semana”, referiu, enquanto prosseguia o trabalho. Acompanhámos todo o processo e podemos garantir, no final, o banco parecia outro,
preparado para “brilhar” entre os seus pares!

A 29 de junho, todos os que colaboraram nas oficinas de “O Meu Palácio” receberam
os seus diplomas de participação.

AAH

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2 de junho de 2022

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | Cultivar Futuros | STC – Associação Serve The City Portugal |

O projeto “Cultivar Futuros”, promovido pela STC – Associação Serve the City Portugal, dinamizou, no passado dia 1 de junho, uma atividade de celebração do Dia da Criança, com os alunos integrantes do Clube Selva, na Escola Básica de Marvila, em Lisboa.

O objetivo desta atividade era, primeiramente, oferecer aos alunos um momento ou espaço onde pudessem exercer a sua condição de criança, de forma segura e inclusiva. Deste modo, a brincadeira e os afetos foram o mote deste dia. A celebração contou com jogos de grupo, atividades de decoração de bolos, música e muitas gargalhadas e com a presença da Rede DLBC Lisboa.

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30 de maio de 2022

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | JobPass COMunidade | Cozinha Africana | Sea – Social Entrepreneurs Agency |

A Rede DLBC Lisboa marcou presença, hoje, na sessão de abertura do projeto DLBC “JobPass COMunidade” – Percurso Cozinha Africana, nas instalações da Ajuda de Mãe, em Lisboa.

Este projeto da SEA – Social Entrepreneurs Agency (Agência de Empreendedores Sociais) pretende capacitar públicos, em três áreas profissionais, nomeadamente, Cozinha Africana, Cervejaria Artesanal e Chocolataria, contribuindo para a inserção laboral de comunidades e pessoas em risco de exclusão social. Além disso, promove competências sociais e pessoais e de aprendizagem, assim como apoia a construção de projetos de vida.

Durante dois meses, os participantes vão ter a oportunidade trabalhar com o chef Mauro Airosa.

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26 de abril de 2022

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | É UMA COMUNIDADE | É UMA MESA | CRESCER |

O som de marteladas, o barulho de Black & Decker, o vai e vem de um grande grupo de trabalhadores norte-americanos, filmagens… foram uma realidade durante cerca de três semanas, no Centro de Recursos DLBC Lisboa, no Bairro Padre Cruz. O último piso do edifício sofreu obras de fundo, para receber o “É uma Mesa”, o restaurante que integra o projeto “É Uma Comunidade”, da Crescer – Associação de Intervenção Comunitária, e pretende ser uma resposta inovadora de inclusão social através do mercado de trabalho.

“O objetivo do ‘É uma Mesa’ é ser um projeto de empreendedorismo social, na área da restauração, trabalhando com pessoas em situação de vulnerabilidade, nomeadamente, que consomem drogas, que estão ou estiveram em situação de sem-abrigo, refugiadas, migrantes ou requerentes de asilo” começa por explicar Inês Colaço, gestora deste projeto. “A ideia é que quem garante os serviços de cozinha e cliente e copa sejam estes elementos, que passam por várias fases de formação, em competências técnicas, pessoais e sociais e na área específica da restauração. Têm ainda a formação on the job, que é estarem no restaurante e fazerem o atendimento ao público e cozinha”, acrescenta. Este projeto de emprego acompanhado, que prevê a reintegração no mercado, surge na sequência do sucesso e impacto já obtidos pelo “É um Restaurante”, iniciativa semelhante promovida pela mesma IPSS, e que abriu portas em outubro de 2019, no número 56 da Rua de São José, em Lisboa.

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Inês Colaço, gestora do projeto, no Centro de Recursos DLBC Lisboa,
em Carnide, nas escadas de acesso ao “É Uma Mesa”

Recrutamento, formação e integração no mercado de trabalho

Mas como podem cidadãos em situação de vulnerabilidade integrar o “É Uma Mesa”? “Há um processo de seleção, algumas pessoas já são acompanhadas pela Crescer, outras podem ser referenciadas por outras instituições sociais que encaminham para nós”, esclarece Inês. “A expectativa é de integrarmos 75 pessoas por ano no restaurante do Bairro Padre Cruz.”

Após o processo de seleção, existem várias formações, ao nível de competências sociais e relacionais (25 horas) e de competências técnicas e capacitação teórica (75h). Segue-se a integração no restaurante em modalidade on the job (700h) e depois há a terceira fase, que pode ser em formato de estágio profissional (de 6 a 9 meses) ou conseguir-se logo entrada no mercado de trabalho. Ao longo de todo o processo, “há um acompanhamento feito por psicólogos”, de modo a garantir que o processo decorre da melhor forma e a sanar eficazmente eventuais problemas.

Pretende-se que este espaço seja um “trampolim” para a integração no mercado de trabalho.

Parceria “The Fixers”

Os “The Fixers” são uma série norte-americana, que estreou em 2019, e que faz renovação de espaços. “Mas têm uma componente social, no sentido de que os projetos que acompanham e renovam têm relação com este teor”. São parceiros da Crescer no “É Uma Mesa” e foram os responsáveis pelas alterações de fundo realizadas no espaço.  Curiosamente, revela Inês, “foram os ‘The Fixers’ que nos encontraram, chegaram até ao nosso site, contactaram-nos e surgiu a ideia de fazer a renovação.”

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A série norte-americana “The Fixers” faz renovações
de espaços e foi parceira do projeto

Além do programa norte-americano, há muitos outros parceiros envolvidos, quer seja no fornecimento de materiais, quer ao nível das competências técnicas… “Vamos trabalhar com o chef consultor Nuno Bergonse, que já colabora connosco no ‘É Um Restaurante’. Há um esforço muito grande de muitas pessoas e outras tantas entidades” para que tudo corra pelo melhor.

Com abertura prevista para maio, o “É Uma Mesa” pretende deliciar os lisboetas com saborosas pizzas e alguns outros pratos italianos.

AAH

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18 de abril de 2022

TODO O TERRENO | Bairros Saudáveis | CUIDAR COM AFECTO | PROSAUDESC |

No âmbito das celebrações do 22º aniversário da PROSAUDESC – Associação de Promotores de Saúde Ambiente e Desenvolvimento Sócio Cultural, a Rede DLBC Lisboa marcou presença na reinauguração do espaço (agora readaptado a novas valências) do projeto “Cuidar com Afecto”, no Bairro de Santo António, em Camarate. Financiado pelo Programa Bairros Saudáveis, o projeto foca-se no combate à pobreza e exclusão social, a nível comunitário, tendo como destinatários idosos isolados e outros indivíduos socialmente desfavorecidos residentes nos Bairros de Santo António e Terraços da Ponte (freguesias de Sacavém e Camarate).

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O projeto “Cuidar com Afecto” é financiado pelo programa Bairros Saudáveis

Tendo como um dos objetivos a promoção da saúde, a PROSAUDESC, através do “Cuidar com Afecto” desenvolve ações de prevenção, presta cuidados básicos e capacita os destinatários para a literacia nesta área. “Há muitos idosos com dificuldades em usar as novas tecnologias”, recorda Virgínia Neto, responsável pelo projeto.

No dia em que a equipa da Rede DLBC Lisboa visitou as instalações, foi inaugurada a cozinha comunitária, para apoiar os idosos isolados com doenças crónicas e incapacitados, servindo-lhes refeições. Futuramente, estas também vão ser disponibilizadas a um preço simbólico, com fins sociais, apoiando outras pessoas com carências sócio-económicas.

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“Foto de família” do evento de dia 18 de abril de 2022
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A nova cozinha comunitária, nas instalações da PROSAUDESC

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4 de Abril de 2022

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | CHEFS DE SAÚDE | VITAMIMOS SABE |

De repente, começam a ouvir-se pés nas escadas, barulho de conversas e risos e, à medida que os degraus se sucedem, caras espantadas que fitam a equipa da Rede DLBC Lisboa e soltam alguns “olá!” e “bom-dia!”. São alunos do 3º e 4º anos da Escola Básica Natália Correia, em Sapadores, e vão receber (além da nossa) uma visita das nutricionistas da Associação Vitamimos SABE – Saúde, Ambiente e Bem-Estar e participar em várias atividades do projeto “Chefs de Saúde”.

Cerca de 20 meninos e meninas, em cada uma das salas, não perdem tempo e, de curiosidade aguçada, do alto dos seus 8/9 anos fazem logo questão de perguntar: “quem são vocês?”. Apresentações feitas, voltam a concentrar-se (embora virando-se para trás de quando em vez) na equipa da Vitamimos, dividida, tal como a nossa, entre as duas salas.

A equipa das Vitamimos SABE na sala do 3º ano, da Escola Básica Natália Correia

Desenhos colados nas paredes, livros nas prateleiras, copos cheios de canetas e lápis de cor, tesouras, pincéis, dicionários, mapas, pacotinhos de leite empilhados e peças de fruta em cima de uma mesa, certamente, para o lanche… Os espaços não fogem ao esperado de salas de aulas de uma escola primária.  As professoras, na parte de trás, vão participando sempre que consideram pertinente e chamando a atenção para determinados detalhes durante as atividades.

Já não é a primeira vez que estes alunos recebem a visita da associação, por isso, há já algum à vontade com as nutricionistas presentes. Carolina e Vera ficam na sala do 3º ano, Marta e Laura, com os alunos do 4º. 

À medida que a apresentação vai sendo feita, surgem perguntas, para recordar o que aprenderam na primeira sessão dos “Chefs de Saúde”, além de novos conteúdos e experiências. A turma responde, entusiasmada, falando sobre hábitos saudáveis, recordando a roda dos alimentos… e mostrando ter a maior parte dos conhecimentos na ponta da língua. Uns mais descontraídos, outros mais tímidos, os alunos vão participando nas atividades que lhes são apresentadas pelas nutricionistas.

Receitas Vitamimos SABE

Na sala do 3º ano, a proposta da Vitaminos SABE é que os alunos, com a ajuda de Carolina e Vera façam (e depois provem) umas Energy Balls, bolinhas saudáveis feitas com aveia, banana e coco ralado, moldadas à mão… Por seu turno, na sala dos mais velhos, a receita escolhida por Marta e Laura são uns zoodles (courgette espiralizada) com massa e molho de pesto, feitos na wok, com muitos vegetais à mistura. Houve quem tivesse “gostado muito”, outros ficaram “sem saber bem” e poucos foram os que acabaram por confessar que “não tinham ficado fregueses” das iguarias.

A equipa da Rede DLBC Lisboa provou e aprovou!

As “Energy Balls” em preparação
Com a ajuda das nutricionistas, os alunos do 4º ano fizeram zoodles com massa e molho de pesto

Nas primeiras sessões que a Escola Natália Correia recebeu, os estudantes tiveram uma experiência semelhante à deste dia, mas com pratos diferentes. Quando as nutricionistas quiseram saber se tinham repetido as receitas em casa, não faltaram braços no ar e vozes a levantar-se para partilhar; “sim, fiz com a minha mãe”; “dei a provar à minha irmã”; “o meu pai ajudou-me a fazer…”

Para os que não têm tão boa memória, há ajuda! A associação distribui livros (apelativos e bastante coloridos) de atividades e outros de receitas para que seja mais fácil os estudantes recordarem os conteúdos apresentados e os ingredientes e modo de preparação dos pratos.

Materiais distribuídos aos estudantes pela Vitamimos SABE

Hábitos alimentares saudáveis

Através da educação e consciencialização das comunidades, a Vitamimos pretende que os portugueses consigam ter acesso a uma alimentação saudável e sustentável a nível ambiental, social e económico. O projeto “Chefs de Saúde” é uma iniciativa holística de prevenção em Saúde em meio escolar, para alunos do 1º Ciclo e seus Cuidadores. Promove hábitos alimentares saudáveis ligados ao sono, higiene, atividade física e sentimentos/emoções, numa abordagem didática e experiencial. Propõe a capacitação das crianças, o diálogo colaborativo nas famílias e a coesão social nas regiões de intervenção.

A Vitamimos surgiu em 2007, primeiro como empresa, depois, em 2012, como associação. O projeto “Chefs de Saúde” que fomos acompanhar, não é “uma estreia”, uma vez que já existia anteriormente, com sessões nas escolas do concelho de Cascais. De acordo com Vera Esteves, responsável financeira do projeto, nas escolas “houve uma adesão incrível, já temos os beneficiários para os dois anos, mas estamos a ter um ótimo feedback dos professores e dos alunos”, revela. “Os miúdos adoram, repetem em casa. Não é teórico. A questão prática, o facto de verem, mexerem, fazerem, experimentarem é muito importante para eles”, acrescenta, rematando: “Está a correr mesmo muito bem!”

AAH

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14 de Dezembro de 2021

TODO O TERRENO | Projetos Inovadores e/ou Experimentais na Área Social | PORTA 11 | ADM ESTRELA |

Certamente que já lhe aconteceu avariar-se um eletrodoméstico, um computador, um tablet… e dizerem-lhe que não vale a pena mandar arranjá-lo e que sai mais em conta comprar um novo. Muitas vezes os aparelhos acabam no lixo ou em contentores próprios existentes em grandes superfícies. Mas e se lhe disséssemos que há forma de dar vida e utilidade a estes objetos aparentemente obsoletos, ajudando quem mais precisa?

Com uma necessidade cada vez maior de recorrermos às tecnologias digitais, agudizada pelo período de pandemia e confinamentos, com o teletrabalho, ensino à distância, reuniões por videochamada, eventos familiares, etc., tornaram-se ainda mais evidentes algumas carências entre as famílias portuguesas. Como ter aulas à distância se não houver um computador em casa? E será que todos sabem usar equipamentos informáticos?

O “Porta 11” é um projeto da ADM Estrela que pretende ajudar a colmatar estas dificuldades, capacitando jovens voluntários da freguesia de Campolide, em Lisboa, para fazer as reparações e, numa fase posterior, recondicionando os objetos e doando-os a quem mais necessita. “Não é só reparar, é necessário mudar a mentalidade das pessoas. Vivemos numa sociedade consumista, em que é mais fácil, simplesmente, comprar um aparelho novo”, começa por explicar Gustavo Funke, engenheiro informático, autodidata e técnico responsável por dar formação aos voluntários na oficina de reparações localizada, precisamente, na Loja 11, junto à sede da ADM Estrela, no Bairro da Liberdade.

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Os objetos recolhidos são arranjados e doados a famílias carenciadas

Numa primeira fase, é feita uma recolha de aparelhos obsoletos ou em fim de vida (podem ser entregues na sede da associação, na Junta de Freguesia de Campolide ou na Escola 2 3 Marquesa de Alorna). “Portáteis, torres de computadores… São o que recebemos mais” refere Gustavo, acrescentando que “ainda assim, aparece um pouco de tudo, cafeteiras, máquinas de café, teclados, ratos, aparelhagens…” Por vezes, “as peças são mais caras do que comprar um novo, por isso os aparelhos até acabam por ter um fim diferente do inicial, por exemplo, um dos tablets que recebemos vai servir para o sistema de senhas da oficina”, explica.

Literacia Digital

Além da capacitação de jovens da freguesia, social e profissionalmente, da promoção da sustentabilidade e da diminuição da info-exclusão, tornou-se cada vez mais necessário apoiar a população na utilização de meios informáticos. O “Porta 11” que está estimado decorrer ao longo de 24 meses, tinha previsto prestar apoio aos professores no que diz respeito ao ensino online, nomeadamente, no agrupamento de Escolas Manuel da Maia, mas “no ano passado, com a pandemia o contacto com as escolas foi difícil”, começa por explicar Rita Saraiva. Contudo, a Coordenadora da Delegação de Lisboa da ADM Estrela ressalva que “em 2021 os professores tiveram formação a este nível dada pelo Ministério da Educação, tendo sido colmatada a necessidade inicial existente”. Assim, não perdendo o foco na capacitação dos agentes educativos, a ADM Estrela estuda agora a hipótese de conseguir formação para os auxiliares, dada pela Fundação Aga Khan. No que diz respeito ao agrupamento de Escolas Marquesa de Alorna, no qual os docentes não fizeram a ação creditada pelo Estado, “está prevista uma reunião com os professores no início de janeiro do próximo ano” para dar seguimento ao processo,revela.

E apoio à população mais velha, que tanta dificuldade tem nos dias que correm com as tarefas do dia-a-dia que passaram a ser feitas online? Os idosos não foram esquecidos, mas a pandemia atrasou o processo. Rita Saraiva explica que esta “é a primeira vez que a ADM Estrela aqui em Lisboa vai trabalhar com seniores. Existe uma relação de familiaridade com eles, de vizinhança, mas não a nível de trabalho de intervenção. É um grande desafio”. Assim, a estratégia passou por “falar com as entidades que já trabalham com eles aqui no território, como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Gebalis e conseguir que eles adiram ao ‘Porta 11’”.

A ADM Estrela realizou um diagnóstico relativo à literacia digital no território Liberdade/Serafina, porta a porta, fazendo um levantamento das dificuldades e problemas dos idosos, em parceria com o Projeto Radar da Santa Casa da Misericórdia.

“Há muitas pessoas a viverem sozinhas, de muita idade, com imensas dificuldades”. A Inauguração do Espaço Comunitário da Liberdade, prevista para dezembro, pretende trazer os seniores a conhecer o local, usar os computadores… “Há pessoas que acham que não têm ‘necessidades digitais’, que não vêem logo como é que isto pode ser uma mais-valia. Esta necessidade tem de ser construída para verem como pode contribuir para uma melhoria da qualidade de vida. Seja para pedir uma senha, seja para resolver um assunto, aceder a serviços do Estado, cada vez mais é necessário recorrer ao digital”, refere a coordenadora da ADM Estrela. “Alguns seniores têm interesse nesta área, outros não. Mas também há muito desconhecimento. Quando lhes falamos em digital eles acham que ‘são as coisas do telemóvel, as internets’, muitos não compreendem esta necessidade”.

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A ADM Estrela realizou um diagnóstico relativo à literacia digital, fazendo um levantamento das dificuldades e problemas dos idosos, em parceria com o Projeto Radar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

O incremento da literacia digital é de grande importância, mas “combater o isolamento e a solidão são os verdadeiros objetivos” por trás desta iniciativa. “Trazê-los ao centro comunitário, conviverem, haver interação com os mais novos, uns a usarem o computador, outros a desmontá-lo para reparação, isso seria o ideal,” mas a pandemia ainda não permitiu que sucedesse.

Repair Café

Além das reparações feitas pelos voluntários e posteriores doações a famílias carenciadas, a ADM Estrela já promoveu vários Repair Café, eventos públicos e gratuitos em que pequenos eletrodomésticos envelhecidos ou acidentados podem ganhar nova vida, pelas mãos dos proprietários. “É preciso perder o medo de abrir os objetos, para reparar e tentar ver o que está a acontecer lá dentro!”, exclama Gustavo Funke, que também marca sempre presença nos Repair Café. “Já sou mega master com máquinas de café. 95% das que aparecem são reparadas! É um circuito simples, um botãozinho que avaria… Tivemos cá uma torradeira que a única coisa que tinha era excesso de migalhas!” Mas há mais, “a quantidade de micro-ondas que salvamos é imensa, por causa de peças que custam 50 cêntimos! Também acontece com os aspiradores de pó!” explica o técnico.

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O técnico Gustavo Funke, que dá formação aos voluntários do Porta 11 e também participa nos Repair Cafés

Gustavo recorda que, atualmente, a sociedade está muito virada para o consumismo, não havendo incentivo a este reparar de avarias: “por exemplo, com os micro-ondas, antes, bastava abrir uma tampinha e substituir um fusível. Agora o compartimento é dentro do aparelho, é preciso desaparafusar tudo e ainda temos um autocolante a dizer ‘Perigo! Não abra’!”

Por isso, já sabe, caso tenha objetos que precisam de reparação, pode doá-los na sede da ADM Estrela ou na Junta de Freguesia de Campolide, contribuindo para ajudar famílias necessitadas. Se tiver curiosidade e quiser saber mais, esteja atento às redes sociais da organização para ver quando será o próximo Repair Café e aventure-se no mundo das reparações!

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Rita Saraiva, Coordenadora da Delegação de Lisboa da ADM Estrela, e Elodie Monteiro, Técnica Superior de Educação, à porta da sede da associação, no Bairro da Liberdade, em Campolide

AAH