POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA | SERVIZIO CIVILE | Voluntários visitam Bairro Padre Cruz |

Depois de terem conhecido as imediações e os bairros vizinhos do Centro de Recursos DLBC Lisboa Olaias, a Maddalena, a Maria, a Nadia e o Daniele, os quatro voluntários que a Rede DLBC Lisboa recebeu no âmbito do projeto “Por Uma Sociedade Mais Justa”, realizado em parceria com o Serviço Cívico italiano (Servizio Civile Universale), tiveram a oportunidade de visitar o Bairro Padre Cruz, onde está localizado o Centro de Recursos DLBC Lisboa.

O ponto de partida da visita foi o Centro de Recursos DLBC Lisboa, no Bairro Padre Cruz

Acompanhados pela equipa da Rede, percorreram as ruas daquele que é o maior bairro social da Península Ibérica (tem mais de 8 mil habitantes) e um dos maiores da Europa, e descobriram, além das casas e dos prédios, espaços verdes e muita arte.

“Galeria a céu aberto”

Em 2016, o Bairro Padre Cruz foi palco do primeiro Festival de Arte Urbana da capital, recebendo cerca de 30 artistas, que realizaram meia centena de intervenções, numa área total de 2500 m2, transformando-se numa verdadeira “galeria a céu aberto”, como lhe chamou, nesse ano, o presidente da JF Carnide, Fábio Sousa.

Naquele que foi um processo de reabilitação do espaço, cada pintura mural procura fixar nas paredes as histórias e os problemas dos moradores. 

Assim, enquanto percorremos as ruas, serpenteando entre os prédios, vamos descobrindo fachadas coloridas, com imagens distintas e imponentes (com mais de 18 metros de altura). Crianças, idosos, animais, artistas, pinturas mais abstratas ou futuristas… há de tudo um pouco representado nestas paredes, mas não só! Aproveitando a sombra das muitas árvores, miúdos e graúdos desfrutam do verão. Enquanto uns brincam nos parques infantis, outros descansam nos bancos de jardim, conversam nos cafés, vêem quem passa… Há até quem nos atire um “bom-dia” da janela, enquanto prosseguimos o nosso passeio.

A par das pinturas nas empenas, há obras tridimensionais, como o PIG, de Bordallo II, e a instalação escultural de Robert Panda, no âmbito do seu projeto “Stupid – Because All People Are”. Inicialmente, a estátua, feita a uma dimensão maior do que a escala humana e em posição passiva, era dourada, mas foi vandalizada e, posteriormente, pintada de amarelo. Caiu nas graças das gentes do bairro, que o adotou como mascote e lhe chamou Nélson. Atualmente, como pudemos constatar, também não se encontra nas melhores condições.

PIG, da autoria de Bordallo II
Instalação da autoria de Robert Panda, no âmbito do seu projeto “Stupid – Because All People Are”

A visita culminou com uma ida à horta da Rede DLBC Lisboa, situada no último piso do Centro de Recursos, seguida de um almoço e de um período de formação teórica.

Um bairro sempre em movimento

Criado em 1959, o Bairro Padre Cruz sofreu inúmeras modificações a nível estrutural. Começou por ser completamente construído em lusalite, com casas em condições precárias, mas que duraram mais de 40 anos. Dois anos mais tarde, em 1961, nasceu o bairro de alvenaria, para receber mais 917 famílias.

Os voluntários italianos conheceram o bairro, na companhia da equipa da Rede DLBC Lisboa

Já na década de 90, e com a necessidade de realojar os habitantes de Campolide (despejados devido à construção do Eixo Norte-Sul), foram construídos blocos de prédios em massa, e a população do bairro aumentou exponencialmente.

Os espaços verdes abundam entre os prédios do Bairro Padre Cruz

Em 2009, a Câmara Municipal de Lisboa lançou um plano de regeneração dos vários tipos de alojamento construídos desde 1959. Financiado pelo Programa de Investimento Prioritário em Ações de Reabilitação Urbana, o quarteirão-piloto, com cerca de 20 habitações “eco”, veio substituir parcialmente um conjunto de casas de alvenaria em avançado estado de degradação.

Mais recentemente, no dia 14 junho de 2022, começou um novo processo de obras de reabilitação urbana do Bairro Padre Cruz, tendo sido colocada a primeira pedra de construção de 70 casas camarárias, naquele que se prevê ser um investimento de 6,2 milhões de euros.

Em Junho de 2022, tiveram início as obras de construção de 70 novas casas camarárias

Passado e presente vão co-existindo neste bairro, no coração de Carnide, “tomado de assalto” pela arte urbana contemporânea, que permitiu reabilitar a imagem não só deste, mas de todos os bairros sociais de Lisboa.

AAH

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