O som de marteladas, o barulho de Black & Decker, o vai e vem de um grande grupo de trabalhadores norte-americanos, filmagens… foram uma realidade durante cerca de três semanas, no Centro de Recursos DLBC Lisboa, no Bairro Padre Cruz. O último piso do edifício sofreu obras de fundo, para receber o “É uma Mesa”, o restaurante que integra o projeto “É Uma Comunidade”, da Crescer – Associação de Intervenção Comunitária, e pretende ser uma resposta inovadora de inclusão social através do mercado de trabalho.
“O objetivo do ‘É uma Mesa’ é ser um projeto de empreendedorismo social, na área da restauração, trabalhando com pessoas em situação de vulnerabilidade, nomeadamente, que consomem drogas, que estão ou estiveram em situação de sem-abrigo, refugiadas, migrantes ou requerentes de asilo” começa por explicar Inês Colaço, gestora deste projeto. “A ideia é que quem garante os serviços de cozinha e cliente e copa sejam estes elementos, que passam por várias fases de formação, em competências técnicas, pessoais e sociais e na área específica da restauração. Têm ainda a formação on the job, que é estarem no restaurante e fazerem o atendimento ao público e cozinha”, acrescenta. Este projeto de emprego acompanhado, que prevê a reintegração no mercado, surge na sequência do sucesso e impacto já obtidos pelo “É um Restaurante”, iniciativa semelhante promovida pela mesma IPSS, e que abriu portas em outubro de 2019, no número 56 da Rua de São José, em Lisboa.

em Carnide, nas escadas de acesso ao “É Uma Mesa”
Recrutamento, formação e integração no mercado de trabalho
Mas como podem cidadãos em situação de vulnerabilidade integrar o “É Uma Mesa”? “Há um processo de seleção, algumas pessoas já são acompanhadas pela Crescer, outras podem ser referenciadas por outras instituições sociais que encaminham para nós”, esclarece Inês. “A expectativa é de integrarmos 75 pessoas por ano no restaurante do Bairro Padre Cruz.”
Após o processo de seleção, existem várias formações, ao nível de competências sociais e relacionais (25 horas) e de competências técnicas e capacitação teórica (75h). Segue-se a integração no restaurante em modalidade on the job (700h) e depois há a terceira fase, que pode ser em formato de estágio profissional (de 6 a 9 meses) ou conseguir-se logo entrada no mercado de trabalho. Ao longo de todo o processo, “há um acompanhamento feito por psicólogos”, de modo a garantir que o processo decorre da melhor forma e a sanar eficazmente eventuais problemas.
Pretende-se que este espaço seja um “trampolim” para a integração no mercado de trabalho.
Parceria “The Fixers”
Os “The Fixers” são uma série norte-americana, que estreou em 2019, e que faz renovação de espaços. “Mas têm uma componente social, no sentido de que os projetos que acompanham e renovam têm relação com este teor”. São parceiros da Crescer no “É Uma Mesa” e foram os responsáveis pelas alterações de fundo realizadas no espaço. Curiosamente, revela Inês, “foram os ‘The Fixers’ que nos encontraram, chegaram até ao nosso site, contactaram-nos e surgiu a ideia de fazer a renovação.”

de espaços e foi parceira do projeto
Além do programa norte-americano, há muitos outros parceiros envolvidos, quer seja no fornecimento de materiais, quer ao nível das competências técnicas… “Vamos trabalhar com o chef consultor Nuno Bergonse, que já colabora connosco no ‘É Um Restaurante’. Há um esforço muito grande de muitas pessoas e outras tantas entidades” para que tudo corra pelo melhor.
Com abertura prevista para maio, o “É Uma Mesa” pretende deliciar os lisboetas com saborosas pizzas e alguns outros pratos italianos.
AAH
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