No passado dia 26 de Março 2018, a equipa da Rede DLBC Lisboa encontrou-se com cidadãos do Bairro 2 de Maio e do Casalinho da Ajuda no âmbito de uma atividade do Projeto Interactive Cities – Urbact. Realizou-se um focus group com a comunidade cujo objetivo foi: 1) Identificar necessidades dos cidadãos para melhorar a sua participação e envolvimento na sua comunidade que poderiam ser supridas por uma plataforma digital; 2) Identificar benefícios concretos na utilização de uma plataforma digital por parte dos cidadãos; 3) Identificar os riscos e limitações na sua utilização; 4) Recolher informações sobre plataformas já existentes que conheçam.
Partilhamos convosco algumas das principais conclusões deste focus group:
- Apesar dos participantes (cidadãos de dois bairros Bip/Zip) reconhecerem a importância e pertinência das plataformas digitais como inst rumento de participação cívica e como forma de se fazerem ouvir junto do poder político para resolver problemas das comunidades; as mesmas não substituem a presença e intervenção direta junto das comunidades para a resolução de problemas conjuntos. Não anula todavia a sua utilidade, mas concluímos mais uma vez que são apenas um instrumento facilitador relevante desde que utilizado de forma a potenciar os processos de intervenção desejados.
- A questão da acessibilidade às novas tecnologias de informação (TIC) por parte das populações mais idosas continua a ser um problema, sobretudo quando há uma perceção do valor destas pessoas em situação de reforma. A referência ao valor das pessoas mais idosas por parte dos participantes como sendo pessoas “com ainda muito para dar às suas comunidades”, deixa espaço para reflexão sobre que outras formas de participação podem ser implementadas para garantir uma maior inclusão social e na utilização das TIC. Este desafio acresce quando estamos perante um cenário de envelhecimento populacional bastante acentuado em Portugal.
- A utilidade das plataformas digitais é muitas vezes percecionada e orientada para a sua capacidade ou não de contribuir para a satisfação de necessidades concretas e específicas da comunidade. A questão da proximidade do poder local é central, mas parecem faltar mecanismos de auscultação constantes junto da comunidade, agravada pela ausência de processos de avaliação, de forma a garantir que são devolvidos resultados concretos. Poderá uma plataforma digital dar resposta a esta necessidade? O conjunto de cidadãos consultados neste focus group revelou uma grande capacidade crítica e consciência cívica, com proposta concretas para a melhoria dos seus bairros. Ficam por isso algumas questões: Porque sentem que não são ouvidos? Falam muitas vezes das dificuldades e necessidade de uma maior proximidade ao poder local. Poderá uma plataforma dar-lhes voz? Poderá parte deste problema ser resolvido com a atribuição de uma maior autonomia aos cidadãos e às suas comunidades dando-lhes poder de decisão formal? Ou bastará uma opinião coletiva para influenciar o poder local?
- O aspeto lúdico e recreativo como forma de atrair, mas também de manter a participação dos cidadãos é essencial para garantir uma utilização regular de uma plataforma digital. Exige assim por parte da equipa, criatividade, conhecimentos sólidos na área da comunicação, marketing e uma forte capacidade de mobilização.
- Por fim, as plataformas digitais podem ajudar a captar e estimular a inteligência coletiva das comunidades. Requer como referido no focus group de peritos, uma análise de conteúdo e capacidade para devolver de forma fidedigna a voz das comunidades.
A equipa foi extremamente bem recebida pelos participantes e pelos representantes associativos dos Amigos do B2M, Academia dos Jovens do Casalinho da Ajuda e Locals Approach.
Um grande bem-haja a todos e a todas!
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